sábado, 12 de novembro de 2011

O presente e o futuro o Timbrado Espanhol na F.O.C.D.E.

Por: Fausto Rodríguez de Viguri Escobar, Juiz / F.O.C.D.E. de Canto Timbrado Espanhol
1997
Traduzido por: Diogo Santana
 
A razão que me levou a realizar este trabalho foi por causa de um artigo publicado  no catálogo de um concurso de 1996, de um determinado clube espanhol de Canto Timbrado Espanhol, em que se faziam declarações técnicas,  de  outro tipo, de como deveria ser o código deste canário de canto, e além do mais se classificava de forma pouco correcta, generalizando, todos aqueles que não compartilhavam os mesmos gostos apresentados pelo autor. O objetivo que pretendo com isto é dar a conhecer à “aficion” o que, aparentemente, pensa um determinado sector da mesma sobre o Timbrado, e da  forma em que se manifesta, da razão de alguns dos seus apoiantes e também clarificar, desde o ponto de vista regulamentar e técnico, os comentários que se fizeram no mesmo.
À  primeira parte do artigo  não vou fazer comentários, pois nela o autor, irritado pela  desclassificação feita por um juiz num  lote de Timbrados pertencentes a um seu  amigo no  concurso celebrado em Andaluzia, se dedica a depreciar e qualificar respectivamente o juiz, e como este facto foi motivo de um processo  aberto pela  C.N.J. / F.O.C.D.E., que acabou com um pedido de  desculpas do autor ao referido juiz, vou-me abster  de falar desse facto, os meus  comentários vão dirigidos  à  segunda parte do artigo, no qual se fazem comentários técnicos, e de outro tipo, sobre o Timbrado e em parte dos seus criadores.
O  procedimento que vou seguir é  transcrever literalmente o que mencionava  o artigo publicado nos parágrafos considerados mais interessantes para  comentar, para os leitores que não tiveram acesso a esta publicação apreciem-no, em todas as suas formas, o que se escreveu, vou analizá-lo  desde o seu ponto de vista técnico e  regulamentar. Para melhor organizar este trabalho, numerei os paragrafos a comentar, ainda que no artigo publicado não estivessem.
 "Reconheço  que neste momento me invade um  sentimento de cabreiro e decepção ao mesmo tempo, perante o  cariz que se  está tomando últimamente em como se quer  orientar o futuro canto do nosso canário timbrado espanhol, parece que não temos o suficiente e aparecem-nos desde Levante e  zona centro deste País com a ideia de quererem  dividir o nosso  canário em  dois, "clássico" e  de "floreios". Agora junta-se Andaluzia, reivindicando mais timbres e variações rodadas, e além do mais  com tudo isso, é o cúmulo colocarem-no também no próprio berço da canaricultura timbradista, como são as  Astúrias...
Neste parágrafo tenho que comentar que  a divisão do Timbrado em dois, "clássico" e  de "floreios" não está tomada nem  aprovada regulamentarmente, portanto não é admissível  "oficialmente", e se nalgum  concurso se fez  esta divisão foi porque não se teve em consideração o anteriormente indicado, e consequentemente este facto se pode dar a conhecer ao  C.N.J. Quanto ao haver regiões que querem mais alguns giros, teria que se perguntar como se pode ter vigência dos desejos técnicos de uma determinada região , pois o C.N.J. não tem  delegações nas  regiões nem  está  atualmente organizado como órgão técnico de representação  regional, o que acontece é que algumas pessoas que vivem em determinadas regiões queiram maior pontuação em determinado giro, iguais outros haverão, nesses mesmos  lugares, que gostarão também de outros e quererem  que esses sejam valorizados com maior pontuação, mas  disso à generalidade  que se indica, em minha opinião, vai um abismo. Além disso, a forma de realizar reformas no  código de canto, na  valorização dos  giros, está determinada nos regulamentos do  C.N.J., e se alguém quiser fazer alguma reforma   deverá recorrer às pessoas que regulamentarmente estão capacitadas para levar ao respectivo organismo as propostas técnicas, seguindo as vias oficialmente estabelecidas, as quais para tomarem  decisões  estão  baseadas em  principios democraticos, e se aprovarem, não haverá  nada que alegar desde o ponto de vista regulamentar.
Quanto às  Asturias ser o berço  da canaricultura "timbradista", isso não é completamente verdade, pois o berço, desde o ponto de vista da elaboração do  primeiro  código do Timbrado e das primeiras orientações  para o seu reconhecimento  internacional, foi  Madrid, e  concretamente a Associação de Canaricultores Espanhóis  (A.C.E.), e foi a  partir daqui e desde diversas associações localizadas em diferentes regiões se apoiou o  posterior desenvolvimento e expansão do mesmo organizando concursos que se foram estendendo por toda a geografia nacional.
 "O  segundo é  ter claro o que significa CANTAR. Segundo o dicionário da  Real Academia da Lingua, entre as muitas interpretações, significa "formar sons melodiosos com a voz", bem, pois um aio  de vocês nunca conseguiu entender como existem  criadores e  juízes que encontram  melodia em  passagens como: chaus, piaus, chak, ruuu, riii. Você sim? Pois, amigo, tem orelha em vez de ouvido... "
Aqui, em minha  opinião, o que se manifesta é uma  falta de sensibilidade  para comprender a variedade  e a  riqueza dos gostos musicais  que existem  em  nossa  diversificada sociedade, já  que nela, além  de haver pessoas que gostam, por exemplo, de  musica clássica  (que em  Espana actualmente, ao que  parece, são a minoria), há  também quem goste de anglo-saxónica, de 'rock', de 'country', de  popular, da zarzuela, de Ópera, de  'bacalhau', etcétera, e para todas estas pessoas se deve  ter o  máximo respeito com os seus  gostos musicais, pois sobre gostos não se pode estabelecer uma escala fixa e  dogmatica de valores, já  que são muito variados por diferentes motivos de índole cultural, sentimental, fisiológico, etc etc…e além disso  alterados no tempo, como nos demonstra a historia. E quanto à definição da Real Academia que se indica, devia-se de ter aclarado que o conceito de "melodioso" é um conceito subjetivo e, como tal, dificil de valorizar; portanto, regulamentarmente falando, as notas que se indicam no páragrafo que se comenta, sempre que se possam incluir em  algum dos giros do  código de canto do Timbrado, deverão ter-se em conta  para se valorizarem, dependendo esta valorização da forma em que sejam emitidas, podendo  dar-se o  caso de se ter que  penalizar a sua forma de emissão com uma  pontuação negativa. Mas  depreciar publicamente uma parte dos aficionados só porque tem gostos musicais diferentes aos nossos demonstra, no minimo, uma falta de consideração que faz  perder a moral para criticar os demais quando  estes tão pouco respeitam os nossos  gostos e  opiniões.
3) "Pessoalmente, creio que repassando a  evolução do  Canário Timbrado Espanhol,  depois  do seu reconhecimento  como variedade  de canto, temos que admitir que segue  igualmente degenerado e  falso como quando foi  reconhecido, sobretudo em algumas  provincias espanholas. Se no principio foi somente  Asturias a unica região  espanhola  que não aceitou o canário estabelecido, hoje em dia são muitas as provincias espanholas  que partilham o que um dia  se chamou "tendência asturiana", que não é, nem mais nem menos, que um  canário selecionado... Hoje, depois de muitos anos, este típico canário é  criado em  muitas provincias do País  (não em todas), mas sem duvida  são muitos os criadores  que sabem como se chega ao unico timbrado espanhol  que cumpre os dois objetivos que se seguem: CANARICULTURA E  CANTAR ".
Dizer que o  timbrado nasceu  "degenerado" e  segue "degenerado" é uma opinião muito subjetiva, que não mostra  muitos conhecimentos históricos e técnicos sobre o desenvolvimento e evolução do mesmo. O  que não entendo é o uso da  palavra "falso", falso, porquê?, tudo foi legal para o seu reconhecimento perante os organismos correspondentes, e  a partir daí as comissões  técnicas regulamentaram  (em nossa  Federação e noutras), segundo  a legislação  vigente em cada momento, e  na  criação desta regulamentação participaram e  participam  juízes de todas as regiões de Espanha,  portanto, não está correcto que Asturias não aceite o canario reconhecido, e  se há criadores daquela ou de outra região de Espanha que não aceitem o seu código democraticamente aprovado, porque concorrem dentro da variedade Timbrado Espanhol?, senão se sentem realizados com os seus gostos o lógico, desde o ponto de vista técnico e  regulamentar, é  que proponham  através das vias  estabelecidas a  criação  de outra variedade de canto, e se não tiverem lealdade  por este trabalho que aceitem desportivamente e  que será  decidido democraticamente pelos  órgãos  criados para este  efeito.
E quanto ao  "canário seleccionado", todos os canários timbrados que se criam seguindo um determinado procedimento baseado em principios genéticos e/ou técnicos de ensino procurando melhorar determinadas linhas de canto são "selecionados", não unicamente os que são de uma determinada linha, e serão depois os juízes que nos julgamentos  determinam se são esses os exemplares que se aproximam mais ao  standard estabelecido independentemente da linha a que pertençam.
No que se refere ao  "único" canário Timbrado que cumpre os dois objetivos que se indicam, é  também uma opinião muito particular, pois o  unico organismo que tem  autoridade regulamentar, baseada e  apoiada em principios democraticos, para dizer qual é o único Timbrado Espanhol  que se valoriza  na  F.O.C.D.E. (não em  todas as federações  que existem) é o C.N.J. / F.O.C.D.E. e a nível internacional, com os organismos a que se encontra filiada a nossa  federação se rege também por procedimentos democraticos, deverá no futuro  de se estabelecerem acordos com  outros colégios de juízes  para se chegar às normas internacionais  para a valorização  do Timbrado, este é o unico procedimento para estabelecer qual será "nosso" (de todos) o Timbrado no  futuro e quem não estiver de acordo é melhor optar por criar outra variedade, senão tiver espirito democrático,  também se passará o mesmo para aceitar as regras de valorização quando não coincidirem com a sua ideia.
4) "Quero, desde aqui, entrar num tema de enorme  actualidade que a mim pessoalmente me está começando a ficar mais enjoativo  que "um  polo de chouriço", e  como não, restará mais, se da circunstancia que sempre se reactiva desde as zonas mais reaccionárias à  evolução do  canto do Canário Timbrado Espanhol, como são a zona de Levante e  Centro deste País. E  admito que cada dia que passa as suas constantes e retrógradas manifestações na  revista Pássaros se distanciem, mais e mais, dos muitos canaricultores que partilham  a  canaricultura...".
Aqui se utiliza a palavra "evolução" para justificar uns determinados gostos, mas há quem pense que a  evolução do  Timbrado deveria  ser noutro sentido, e  outros que nessa  evolução,   parte positiva e parte negativa, portanto, no final, não vale a opinião de uns quantos, sem a opinião da maioria, expressada através das vias estabelecidos. Com base nisto, dizer que Levante e o Centro são  "reaccionários" no referente à  evolução do  Timbrado não tem nenhum sentido, o  reaccionário é não  respeitar a  regulamentação  vigente nem respeitar o  código estabelecido pela  maioria.
Quanto às classificações  que se fazem sobre opiniões de pessoas que escrevem artigos em  "Pássaros", e  que não tem o   gosto do  autor, isso só serve para refletir a sensibilidade democrática de alguns perante  aqueles que tem  opiniões  diferentes, o que se confirma quando se insinua que só fazem canaricultura os que fazem  manifestações do  gosto do  autor.
5) "... e sempre remetendo esses artigos às  mesmas províncias. Será pelas vacas cabreadas ? Creio que esta nova doença  está causando um  dano  irreparável na  Canaricultura Timbradista. Tenho de  admitir que não há realmente inteligentes,  uns pedem mais pontos, outros respondem e lhes dizem que estão de acordo, mas  que, a ser possivel, esses mesmos  pontos se multiplicam  por três,  outro diz  que não liga  puto aos  juízes, outro responde-lhe  que ele  também  pensava o mesmo e  que também  opinava que todos os juízes eram  uns "mariconços", mas agora, que  é  aspirante, diz  que são todos uns "maestros", tem futuro, e assim  se começa  (se tivesse sido eu tão inteligente….). Dá-me vontade de escrever à  revista, mas  de momento conformo-me  por  aqui... "
Quanto  à condição das  "vacas loucas", não há nenhum  louco que pense  que está louco, sem  que pense  que são os outros que estão,  portanto, esta opinião que se manifesta  no artigo é um  "boomerang". Como deve fazer qualquer pessoa que deseje   expressar  suas  opiniões  publicamente? Deve fazê-lo  com a máxima correção, humildade e  respeito para com as opiniões dos outros, porque se quer que respeitem as suas ideias e se tenham em consideração, terá primeiro  que respeitar a dos outros.
6) "Primeiro tenho que reconhecer  que no  Clube Timbrado... não gostam  que no  canto de nossos  canários existam ritmos continuos (timbres metálicos, variações  rodadas e, supostamente, os Chaus e Piaus). Esse é o objetivo prioritário deste clube  e, como é  logico, consegue-se tentando a sua  eliminação com cruzamentos consanguíneos e, supostamente, penso ser o mais  importante, tratando-se de  fixar um determinado fenotipo que consideramos como o ideal pela sua  predisposição à interpretação  dos respectivos  ritmos descontinuos. "
É  completamente respeitável a linha  que segue qualquer  clube  para criar os seus Timbrados, mas  desde o ponto de vista desportivo as regras pelas quais se valorizam os exemplares julgados são feitas  pela  comissão e se quiser concorrer  devem-se  respeitar as normas indicadas no  código,  gostemos ou não gostemos.
7) "Não é pelo  capricho do autor, de pôr ou  de recortar algo do repertório de nossos  canários, é  simples e claramente de  seguir, em  principio, numa  teoria de ..., e logo  porque estamos totalmente convencidos da incompatibilidade e da influência que leva  negativamente à mistura  de todos os ritmos que integra a nossa ficha de julgamento, já  que seguir os conselhos do nosso  código de canto em  toda a sua  amplitude, o resultado é a mistura  de todos os ritmos de emissão  de nosso  canário, está  demonstrado que também leva a uma  alteração  fenotipica, que impede a  grandíssima potencialidade interpretativa dos  ritmos de mais dificuldade e beleza, como são  evidentemente os ritmos descontinuos, como os floreios, cloqueios, floreios lentos, agua lenta e uma grande amplitude  de variadíssimas notas compostas."
Aqui o autor expressa-se  no plural e, portanto, expõe-o  numa opinião de um sector da “afición”, e já indica claramente que há uma  parte do código do Timbrado que não gosta e dá os seus motivos, até  aqui tudo é  correcto e muito  respeitável, mas quando  menciona a palavra "dificuldade" na  emissão dos  ritmos eu  preguntaria com que instrumento se mede a dificuldade de emissão dos  sons que emitem os canários, e como este instrumento, de  momento, penso  que não existe, em minha  opinião o que verdadeiramente se está  mascarando com a utilização da  palavra "dificuldade" é  o  gosto pelo  tipo de giros que se indicam, e  a estes giros se tenta dar mais valor, desde o  ponto de vista técnico, apelando à  "dificuldade" da  emissão, quando na  verdade é o que, hoje em dia, nenhum  pode dizer objetivamente qual é a dificuldade que tem  para um  canário a emissão de um determinado giro, pois se o animal está  fisiológicamente preparado para emiti-lo, para ele é facil,  o  difícil é  emitir  o  giro para o qual não está preparado fisiológicamente. Quanto à beleza, é um conceito subjetivo e  por isso para uns é  belo uma coisa e  para outros é outra, portanto o que se indica de "evidente" não é tanto isso.
8) "O que vos quero  dizer primeiro é  que na minha vida de criador não conheci ninguém, nem conheço, que tenha tido oportunidade  de ouvir um  canário interpretar o seu  repertório baseado, unica e  exclusivamente, em ritmos descontinuos, ou,  o que é o mesmo, nas  passagens  com  mais  dificuldade e  beleza e da  pontuação  que se recebe através da  nossa ficha de julgamento, que sente  algum sentimento de saudade para com o  canário "clássico", uma tradição  baseada  na  vulgaridade do seu  canto em  todas e  cada uma das  passagens, mais ou menos musicais, que os  seus defensores consideram  básico e fundamental para identificá-lo  como canário de canto Timbrado Espanhol,  antigo"
Quanto ao  conceito de "clássico" e  atribuir-lhe  giros "vulgares" e "degenerados", se um  canario cantasse assim, mais que "clássico" eu lhe  chamava Timbrado de escasso valor, mas hoje em dia em  Espanha existem muitos  criadores (e não só na  nossa federação) que criam um Timbrado que emite quase  todos os giros que constam na ficha de julgamento, e não de forma vulgar como  se vem chamando de  "exemplares de encher fichas de julgamento", mas, junto a três ou quatro  giros muito bons  (digo giros, e  não notas), emite o resto com um bom nível, e além do mais,  toda a canção de forma melodiosa e nada estridente,  por isso penso que o canário "clássico", tal como se define no artigo, é um Timbrado de escassa qualidade e que, portanto, não é  apreciado pela  maioria  da actual “afición”  . Quanto às passagens  básicas e fundamentais  para identificá-lo  como canário de canto Timbrado Espanhol, há que dizer  que no  actual código de canto Timbrado do  C.N.J./F.O.C.D.E., não se indica nada a seu respeito, ainda que isto possa mudar no futuro, de facto, noutras variedades de canto, como  o  Roller, se  existem estas notas basicas, poderiamos  perguntar  porque não no timbrado, ou é  que qualquer canário que não emita giros de Roller ou Mallinois e seu fenotipo não seja das variedades de postura ou  tenha fator vermelho já tem  que ser julgado  como Timbrado independemente  da  pontuação  que obtenha?, seria uma questão de pensá-lo detenidamente, outro tema seria decidir quais  deveriam  ser estes giros basicos ou  fundamentais.
9 "Sempre foi o que se considera como clássico um canário preso no passado e  protegido por um codigo de canto tão  reaccionário como injusto, que justifica a vulgaridade  de seu canto e, o que é mais  grave, o impedimento  que se põe às grandíssimas possibilidades canoras de um  canário que,  seguir pelo  caminho que o querem conduzir, no final não saberemos nem como lhe chamar: Timbrado Espanhol, Canto Espanhol, Clássico, de Floreios, Legionario Espanhol ou, Marchando umas  gambas! "
As afirmações  que se fazem no parágrafo anterior não deixam em muito bom lugar todas aquelas pessoas  que participaram na  redação do actual código, e que de uma forma democratica chegaram à aprovação do mesmo, fazendo parte desse trabalho juízes de todas as  regiões de Espanha,  portanto, não entendo o porquê de se dizer que é "injusto". Quanto ao  nome, sabemos como lhe chamar, pois este está  oficialmente reconhecido  a nivel nacional e internacional, outro problema é  que há  pessoas que não gostam deste nome, mas perante esta situação volto a dizer  que só  existem, desde o ponto de vista regulamentar, três opções: ou conseguir uma  maioria  que permita a mudança, ou  aceitar a opinião da maioria, goste ou não, ou  criar outra
10) "... este típico canário chamado "clássico", com  seus timbres metálicos, variações  rodadas ou rulos (que é o que são), juntando os  seus horrorosos chaus chaus e  piaus piaus, e  suas mal chamadas castanholas  chak chak, são, juntamente com os criadores e juízes que estimulam a sua  reprodução, os autenticos responsáveis e culpados que, desde aquele  longinquo mundial de Bruxelas em  1962, em  que foi reconhecido  como variedade de canto, não tenha na actualidade e a aceitação  de nenhum  país europeu. É assim  que neste momento se podem  contar pelos  dedos da mão os criadores europeus que se dedicam a criar o nosso  canário de canto."
Aqui está  patente um  desconhecimento  técnico para distinguir a diferença entre um  rulo, como por exemplo  os que emite o canário Roller, e um timbre, como o que emite o Timbrado, além disso com o código na mão a diferença é tão clara que se um Timbrado emitisse  rulos seria desclassificado pelo juíz. A diferença técnica entre um  rulo e um  timbre está em que no  rulo a dicção  da "r" está  suavizada, é  como se depois da "r" seguisse uma  "i", e a dicção da vogal que acampanha a consoante seja mais confusa,  por outro lado, no timbre, tanto a dicção da  "r"  como da vogal que a acampanha é muito clara e a  possibilidade  de ser  mal emitida soa "duro" e é maior que no rulo.
Quanto ao "horroroso" ou não de algumas notas que se podem incluir nos  giros actualmente integrados no  código do Timbrado, repito que isso dependerá, desde o  ponto de vista técnico, do tom, volume e dicção com que se emitam, e a forma em  que enlacem  com o  resto dos  giros emitidos na canção.
No que se refere em  culpar os juízes e  criadores que o Timbrado não seja aceite na Europa, isto não se sustenta  em  absoluto, já  que graças a juízes e  criadores (da nossa federação e outras), o  Timbrado se está estendendo pelo  norte, centro e sul  do continente americano, e actualmente, na Europa, até já existem  juízes na Holanda. Que a sua extensão em nosso continente seja pequena e  difícil  é  por outras razões, que fácilmente se podem  explicar. A primeira é  que quando se reconheceu  internacionalmente o timbrado, a “afición” ao canto na  Europa, que há que dizer que era a minoria comparada com outras raças e variedades, estava dominada  já pelo  Roller e  Mallinois desde há meio século, e destituida  numa “ afición”  minoritária,  a firmeza de algumas  raças muito  consolidadas é e será difícil, prova disso é que na America, onde estas raças não estão tão consolidadas, o  Timbrado se está expandindo  rápidamente. Mas além do mais, a isto há que juntar os gostos musicais  de muitos  países europeus, que não coincidem com os nossos, não é  que sejam melhores nem piores, mas simplesmente diferentes,  prova disso é  que os nossos cantantes triunfam  mais na  America que na Europa apesar da proximidade, e por este facto estão incluidas circunstancias de caracter, sensibilidade e idioma, com  diferentes formas de pronuncia e  portanto de dicção, e por  consequência com ouvidos preparados para outros sons diferentes aos dos nossos que habitualmente utilizamos em nossa comunicação.
11) "Admitamos todos que a situação  do  nosso  canário de canto Timbrado Espanhol  fora da nossa  fronteira  é uma auténtica merda, e se for assim é por  consequência lógica do escaparate que temos mostrado durante trinta anos com o  canário "clássico"."
No que se refere ao Timbrado, fora da nossa fronteira, ser  "uma merda" depende  do  que se considere uma "merda", pois  como já se disse  cada vez mais se expande e chegará o dia em que para estabelecer um  código internacionalmente reconhecido haverá  que contar com a opinião  dos  colégios de juízes dos países onde se está  expandindo, com o que provalvelmente haverá mais diversidade  de gostos sobre como ser o Timbrado, daqueles que agora existem, e seguramente se terão  que utilizar procedimentos democráticos para chegar à  decisão  do que então  se queira  que seja o  Timbrado apesar do seu  "apelido" de "Espanhol", por isto  devemos começar a ter cuidado quando dizemos "nosso" canário de canto, ou  pelo  menos começar  a ter a ideia de que esse "nosso" vai  sendo tão grande,  que os gostos e  opiniões de determinados grupos fiquem em minoria perante a maioria da “afición”.
Não sei se  a expansão do Timbrado no estrangeiro tem sido  pela  "janela" mostrado durante trinta anos pelo  canário "clássico", mas na actualidade para a sua expansão está contribuindo um bom grupo de criadores que estão realizando uma  selecção no  repertório do Timbrado para que haja cada vez mais  exemplares que emitam um  repertório muito  completo, com muita boa qualidade nos giros, e  tudo isto com uma  voz melodiosa e um tom  adequado, portanto o mérito não é  só do canário "clássico", sem que  também dos criadores que seleccionam o  Timbrado "actual".
12) "Sei  que algum  criador  poderá pensar com alguma razão, que ninguém lhe proibe de assistir a ditos  campeonatos mundias como expositor, mas  também temos  que admitir que a maioria das vezes julgam em ditos  concursos os juízes mais  reaccionários e  propensos perante  as 'virtudes' do  canário 'clássico', e  outras, que todos os que criamos o canário de 'floreios' conhecemos. A dificuldade que representa para um  canário altamente seleccionado ou  submetê-lo a viagens e exposição  que, a maioria das  vezes, se prolongam  mais de dez dias, e que faz  que se estropie o seu canto... E outra, para mim, é  que, de momento, para o único que servem os ditos  campeonatos é  para se anunciarem na  revista 'Pássaros' como vulgar passareiro."
Aqui  volta-se  a manifestar desconhecimento  sobre as normas regulamentares que tem a O.M.J./C.O.M para a eleição dos juízes dos campeonatos mundiais. O  sistema que se utiliza no respectivo  organismo é feito por  uma  lista geral  de todos os juízes  O.M.J. de canto Timbrado Espanhol, ordenados pela data de antiguidade nessa organização e  sem ter em conta  a que Federação  perteçam, e  por sua vez   serão nomeados para julgar os mundiais, se  algum recusa a sua  assistência por algum  motivo ignora-se essa recusa, e se  essa recusa  se repete num determinado numero de vezes se lhe dá baixa na O.M.J. portanto o que se diz no parágrafo anterior pode-se interpretar por lhes chamarem  "reaccionários" aos juízes por aplicarem um código que não é do gosto do autor,  para isso só restam  três opções, ou tentar modificá-lo  conseguindo a maioria  suficiente, ou  aceitar o que quer a maioria, ou criar  outra variedade com outro código.
Quanto à linha de canto que cria o autor não tem força  fisiologica para aguentar o  esforço dos concursos, isso  exige seguir trabalhando na melhoria dessa força, pois  pouca "montra" internacional pode dar uma linha de canto que não pode sair da nossa fronteira.
O  expressado na  ultima parte do parágrafo é uma  autentica falta de respeito para a “afición” e criadores, e não merece mais comentario o que dá a  impressão  de que o  autor encerra um sentimento de frustração  por não ter conseguido os prémios que outros conseguem  compitindo com seus exemplares nestes difícies (por muitos  motivos) campeonatos, seguindo as normas e código regulamentarmente estabelecidos.
13) "Creio que até que não se faça um  código de canto em  que no qual  se recolha e  valorize, única  e  exclusivamente, os ritmos descontinuos no  canto de nossos  canários. Até  que isso não aconteça e não sendo muito optimista, penso que o  caminhar do nosso  canário estará desgraçadamente  com o travão de mão accionado."
Queria chegar até aqui para responder ao referido no título deste trabalho, ainda que  a resposta insinuada nos comentários que fiz, mas depois de tantos anos de controvérsias sobre o Timbrado Espanhol, não é de mais voltar a  repetir o que na minha opinião, é actualmenle e no futuro será o "nosso" canário de canto, o Timbrado Espanhol, da F.O.C.D.E., é será o que democráticamente decidiu e decide a sua comissão técnica incluida no  C.N.J., e isto sempre estará acima dos gostos pessoais de determinados aficionados, criadores, associações, regiões, etc, etc, pois qualquer razão  que se dê para apoiar uma opinião sobre gostos sempre é subjetiva, e portanto em qualquer organização moderna pertencente a um  Estado de direito como é o nosso, a única solução para a eleição  das normas a cumprir  estará  baseada em  procedimentos democraticos, por isso o  Timbrado Espanhol, na  F.O.C.D.E., é e será o que  a democracia de seus organismos legalmente estabelecidos indique no seu código, e quem  não goste do aprovado por este sistema, desde o ponto de vista desportivo, só  tem duas  opções: ou  aceitá-lo ou  criar outra variedade...E não entendo como é que se há criadores que desde o seu reconhecimento  oficial não gostam do  timbrado, como se indica no artigo comentado, nem se quer gostam do seu código actual, nem do seu nome, então porque concorrem na  variedade Timbrado e  não unem seus esforços para criar outra  variedade  de canto com o nome e o  código que eles gostem?, parece-me que isso, desde o ponto de vista desportivo, seria mais correto  que estar constantemente questionando o que está aprovado pela maioria, compreendo que isso dá algum trabalho  para  muitos críticos do "actual" Timbrado que não estão  dispostos a fazer.
14) "Não podemos exportar, nem muito menos vangloriarmo-nos, de um canário que foi feito por nós quando nem sequer  temos o prazer de ouvir a maioria dos  aficionados espanhóis"
Isso  da maioria dos  aficionados espanhóis não gostarem não pode ser  verdade, pois não há que esquecer  os juízes  que saem dos aficionados e são criadores e eles mesmos  é que decidem o código do  Timbrado, e a maioria deles são chamados para julgarem  por toda a  Espanha e  estrangeiro. Na minha opinião, neste parágrafo o que se está tentando fazer é  generalizar o descontentamento de uns poucos para que o  assunto pareça mais importante do que é, pois se a maioria da “afición”  não gostasse do  actual Timbrado, o descontentamento já tinha originado para que se tomasse em conta a  modificação do seu  código e  com  isso o canto do  canário.
15) " Opino que as pessoas que acometam futuros retoques ou a realização de um novo código de canto tem que ser especialistas em música e canto, só pessoas com esses conhecimentos serão capazes de explicar e dar  o grau  de dificuldade e  musicalidade  que existe no canto de nossos canários."
A isto há que dizer que nem todos os músicos gostam do mesmo  tipo de música, e parece-me, como já disse anteriormente, que ninguém tem ainda o equipamento necessário para averiguar a "dificuldade"  da emissão dos sons emitidos pelos  canários, além disso podia-se  alegar que porque não participam  também na  concepção do seu  código ornitólogos, cientistas, biólogos, etólogos, veterinários, etc, etc, e no final não ficariamos a saber se  eles gostariam de ter participado neste trabalho. O que sabemos é que o nosso hobby é estruturado com as organizações em que participam livremente e todos os fãs, com  seus gostos e opiniões, contribuam de alguma forma, mesmo que indiretamente, para a concepção  de regras e regulamentos que constituem as "regras do jogo".
16) "Se  este comentario cair nas mãos de algum criador  que se dedique a criar o  canário 'clássico' (de forma altruista) quero dizer-lhe  que não seja defensor de nada sem  antes ter  uma ideia formada em termos  de comparação do  que é um  canário dos denominados 'floreios'."
Eu ouvi  canários dos chamados pela “afición " de floreios  e posso dizer que, desde o  ponto de vista técnico, com o actual código na mão, haveria  alguns que  conseguiriam  muita pontuação nos  concursos, outros nem tanto, e por último outros muito pouco.
Pois o facto de que o canário se destaque em alguns determinados giros não garante  que seja bom nos outros que se indicam na ficha de julgamento, o que se observou é que muitos destes  exemplares limitam-se  a repetir os mesmos giros (digo giros e  não notas) em prejuizo de um amplo repertorio  e ficam com uma ficha de julgamento quase vazia, naturalmente, que também existem exemplares extraordinários desde o ponto de vista do repertório, embora, neste caso, tenham menos giros descontínuo.
17) "Um aficionado de vocês  se tem ideia desse termo de comparação, posso  afirmar sem nenhum receio de me enganar que nunca nenhum canário 'clássico' dos muitos  que tem  sido campeões do Mundo na  variedade  de Timbrado Espanhol, tenha premiado num  concurso da categoria de Oviedo, Bilbau, Puerto de Santa Marta, Lugo, CT Zaragoza, etc etc,. . ."
Como é habitual e  normal  os  juízes  actuam  com  lealdade  e aplicam o código e os critérios de julgamento  que tem obrigação de aplicar, e é suposto que os exemplares campeões cantem no  momento para conseguir o prémio mundial, a diferença da pontuação nesses  concursos, se esses exemplares se apresentarem nos mesmos, deverá ser muito pequena, outra coisa é  querer insinuar que nos  lugares  que se indica não se aplica por parte dos  juízes os mesmos critérios regulamentares de julgamento, pois isso seria um facto  grave, já  que todo o juiz  desde que peça a sua entrada no  C.N.J./F.O.C.D.E. como aspirante compromete-se  a cumprir o regulamento vigente, e  os exemplares nos  concursos não os deve julgar pelos gostos dos aficionados nem de associações, nem sequer pelos gostos do juiz, mas pelas  regras aprovadas de forma democratica nos  organismos criados para o efeito.
Espero que depois de terem lido este trabalho os aficionados tenham tirado as suas proprias conclusões  sobre as ideias expostas, e  algum se decida a escrever para manifestar a sua opinião a seu respeito,  o que proponho é  que seja com um pouco mais de  respeito para com a verdade e aficionados do que aquilo que se indicou neste  artigo comentado.
Um abraço  para toda a “afición”.
Palma de Mallorca, a 31 de agosto de 1997.
 
 
 

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